segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

OTM e eu - Sobra tanta falta

Essa foi a primeira música de O Teatro Mágico que eu ouvi de verdade. Digo, a primeira a me tocar com encantamento.
Eu já estava verde de tanto ouvir falar nessa banda. Sempre tinha alguém pra me falar: “busca no youtube, você vai gostar, tenho certeza!”. Eu, de birra com tanta gente falando o tempo todo desse mesmo assunto, respondia: tá, vou ver. Até que um dia, em Cataguazes, o Robert me presenteou com arquivos baixados gratuitamente do site da banda.  Pensei: puxa, uma banda copyleft! Deve valer muito a pena conferir.
De volta a BH, abri a primeira pasta e deixei o som tocando baixinho. Nada muito entusiasmante, até chegar em uma faixa com a maior cara de improviso,  só com voz e violão, bem ao estilo “olha a música que eu criei agora, aqui no corredor de casa”. Era “Sobra tanta falta”, de Carlos Trevisan, que participou do Teatro Mágico bem no comecinho do grupo. Dueto super gostoso. Pedi ao meu pc-mineiro-que-rodava-com-Linux que repetisse. Quase não piscava de tanto que a letra dizia de mim.
Começa falando da falta que faz o mar na janela (e eu entre as montanhas há quatro anos...), da falta de tempo que se vive nas capitais (ai, como eu gosto de ser do interior...), das meias-verdades que guardamos para nós mesmos (nem tão verdadeiras assim, porque não foram ditas e contraditas), da sobra de espaço dentro do abraço (e eu excluindo de minha vida as relações marcadas pela frialdade dos grandes centros; sofrendo com a saudade do abraço dos amigos de outrora), de todas as coisas que temos a dizer e que não conseguimos (ah, essas eu tenho dito rsrs).
Foi uma música que me despertou para a urgência de uma mudança de mim para com o mundo, para com o outro. Devo reconhecer que o Teatro Mágico me chegou no momento em que eu mais priorizei as questões espirituais e isso potencializou sobremaneira a minha capacidade de mudar, de acreditar que eu podia viver ao meu modo, mas com alegria. Justamente pela busca do que é essencial, estava eu rodeada de amigos verdadeiros, que torciam pelo meu crescimento e me ofertavam mais e mais oportunidades de acreditar na vida. Sobra tanta falta foi a primeira de uma série de “alavancas” para a consolidação de uma fase nova, mais desafiadora, mais romântica e mais corajosa de minha vida.  



Sobra tanta falta

Falta tanta coisa na minha janela como uma praia
Falta tanta coisa na memória como o rosto dela
Falta tanto tempo no relógio quanto uma semana
Sobra tanta falta de paciência que me desespero
Sobram tantas meias verdades que guardo pra mim mesmo
Sobram tantos medos que nem me protejo mais
Sobra tanto espaço dentro do abraço
Falta tanta coisa pra dizer que nunca consigo

Sei lá se o que me deu foi dado
Sei lá se o que me deu já é meu
Sei lá se o que me deu foi dado ou se é seu

Vai saber se o que me deu quem sabe
Vai saber quem souber me salve
Vai saber o que me deu quem sabe
Vai saber quem souber me salve

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